No último post, abordamos um pouco do ambiente de transformação digital do mercado de seguros. Naturalmente, isso nos conduz às startups, chamadas aqui de INSURTECHS. O termo nasceu da combinação das palavras “seguro” e “tecnologia” em inglês (“INSURance” + “TECHnology”).
No final de 2018, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) elaborou um mapeamento que apontou a presença de 79 insurtechs no Brasil – mais de 60% delas no estado de São Paulo. Em 2017, o mesmo levantamento havia mapeado 25 dessas startups.
O levantamento também corrobora algumas das reflexões que temos feito sobre a evolução da experiência de consumo e otimização de processos. Tecnologias como inteligência artificial e machine learning já têm razoável presença nos produtos ofertados – cerca de 28% das insurtechs. Além disso, 53% delas se dedicam à jornada digital do cliente, trabalhando no desenvolvimento de canais digitais.
Outro dado a observar é que 62% das insurtechs declaram, como motivações para sua empreitada, a potencialização de negócios para as seguradoras. Dentre elas, 57% apontam a desburocratização dos processos, e os mesmo 57% a potencialização dos negócios para corretores. Ou seja, a tese de uma disrupção que chacoalha o setor e ameaça corretoras e seguradoras ainda não se configura no ambiente das insurtechs.
Em outro estudo, a McKinsey confirma essa visão. O Panorama Insurtech aponta que somente 9% dessas empresas têm a pretensão de disputar mercado com as seguradoras tradicionais. Cerca de 60% delas visam prover soluções digitais para simplificar partes da cadeia de valores das seguradoras tradicionais e outras 30% dizem ter por objetivo simplificar a interação do cliente com a seguradoras.
Tecnologias emergentes estão mudando os mais diversos setores e tipos de consumidores. No mundo das seguradoras, as grandes necessidades são inovar o modelo de negócio, desburocratizar e tornar a experiência do consumidor mais positiva. Por isso, Big Data, Inteligência Artificial. Internet das Coisas (IoT), Cloud Computing e Blockchain passaram a fazer tanto sentido.
Essas tecnologias serão a saída para aperfeiçoar processos, garantir satisfação quanto aos serviços das seguradoras, fidelizar clientes e criar novos produtos, atingindo mercados que ainda estão à margem dos seguros.
E o papel da insurtech? Essas empresas já nascem completamente digitais, com modelos escaláveis e potencial para tornarem-se exponenciais. É natural que tenham maior facilidade em pensar fora da caixa para atender às necessidades que não são satisfeitas do cliente do mercado tradicional, ou embrenhar-se por mares nunca dantes navegados.
A boa notícia é que, no caso das seguradoras, parece que tecnologias disruptivas e startups conspiram para auxiliar os grandes players tradicionais a desenhar o futuro do segmento. A má notícia é que, de qualquer forma, é preciso estabelecer a estratégia e acelerar essa jornada.