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A expectativa era de que a  Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tomasse uma decisão, ontem, dia de 17 de outubro. Mas, na reunião do Conselho Diretor da Agência houve um pedido vista ao edital de licitação que irá autorizar os serviços de 5G. Ainda sem data para acontecer, a expectativa continua sendo que o edital se realize ainda ao longo de 2020.

Poucos eventos tecnológicos têm causado tanto frisson quanto o padrão de conexão de banda larga wireless: o 5G. E, neste momento, vale observar o ponto em que as coisas se encontram e, claro, suas possibilidades para o futuro. De qualquer maneira, não há exagero algum ao afirmar que surgirão inúmeras aplicações para essa nova e promissora tecnologia.

Há, porém, um grande desafio pela frente que demandará que Estado e iniciativa privada se mobilizem para que de fato a tecnologia avance no país. Esse também foi um dos temas largamente debatidos no IT Forum X, um dos principais eventos de tecnologia da América Latina, que acontecia em São Paulo, ao mesmo tempo em que o calendário das audiência públicas do 5G ficavam um pouco mais distantes de acontecer. Mas, o 5G vai acontecer no Brasil. Sem dúvidas.

Por hora, a característica mais cintilante é a velocidade da nova rede – cerca de dez vezes maior do que a disponível atualmente. Entretanto, por mais que os olhos brilhem diante de tantas perspetivas, nem tudo são flores e – as operadoras terão de ser rápidas para enfrentar uma série de empecilhos que, definitivamente podem causar atrasos e até mesmo inviabilizar a implantação da tecnologia 5G:

  1. Espectro: redes 5G necessitam de maior extensão de frequências para que seja possível fornecer banda larga com velocidades equivalentes a 100 megabytes. Assim, haverá licitação para oferecê-las em 2020 (três blocos, dos quais um deles será composto por “ondas milimétricas, ou seja, a mais utilizada para o 5G). No entanto, existe a possibilidade de interferência no sinal de TV aberta transmitido na banda C, que também é recebido por antenas parabólicas. O problema é que milhões de brasileiros possuem esse tipo de antena –e a maioria absoluta fora de centros urbanos. Desfazer esse nó górdio é condição sine qua non para o êxito da implantação da nova rede.
  2. Redes: velocidade é importante? Sim. Mas não adianta muita coisa se o sinal não está disponível – ou seja, a disponibilidade decorre da utilização de redes densas, antenas e estações rádio base. Evidentemente, a cobertura 5G exigirá um número maior de estações de pequeno porte, mas o grande problema é que muitas cidades possuem restrições legais que impedem sua instalação (cujo processo, aliás, é demorado – cerca de seis meses). Lidar com a legislação ultrapassada desses municípios para implantar essas estações de rádio base em quantidade suficiente para suportar 5G é, portanto, uma das grandes prioridades.
  3. Novos serviços: a oferta de novos serviços, a partir do advento da tecnologia 5G, não se restringe às operadoras graças ao recurso “slicing” – que permite criar redes virtuais para que empresas ofereçam serviços com velocidade, latência ou disponibilidade especiais. Graças à neutralidade prevista pelo Marco Civil da Internet, tais ofertas são possíveis – mas é fundamental que sejam previstas claramente na legislação a fim de proporcionar tranquilidade e segurança às operadoras, sob o aspecto jurídico.
  4. Fator Brasil: ainda que a corrida para rumo à tecnologia 5G já tenha começado por meio de equipamentos e infraestrutura para suportar esse tipo de rede, o Brasil caminha a passos lentos – especialmente em comparação aos países desenvolvidos. Há, portanto, uma série de obstáculos que devem ser levados em consideração, como baixo retorno de investimento e dificuldades fiscais. Há, ainda, outro aspecto importantíssimo, que é a alta carga tributária no setor.

Além disso, as redes, além de antenas, necessitam de solução de ponta a ponta para que os dados possam ser transmitidos em grande velocidade. De acordo com a Consultoria Ovum, entretanto, as soluções em 5G estarão disponíveis ao consumidor em 2023 já que suas aplicações em missões críticas, assim como o fornecimento de jogos em nuvem, dependem de uma taxa de latência mais baixa. Que, no Brasil, não deve ser atingida nos primeiros anos.

O cowboy e o dragão

Ainda assim, mesmo com tantos pontos a considerar sobre a implantação do 5G no país, o leilão que será realizado em 2020 trouxe à baila a disputa tecnológica entre Estados Unidos e China, cujo enredo possui todos os ingredientes para um excelente filme de espiões: roubo de dados, espionagem, ataques a estruturas críticas  declarações bombásticas e um inacreditável lobby ao redor do mundo, realizado pelo  presidente dos Estados Unidos da América  em pessoa, para que a empresa chinesa Huawei seja excluída da disputa pela nova rede. Apesar da pressão do governo norte-americano, porém, a Huawei continua no páreo.

Mas o fato é que, em meio a tantas indagações a respeito da rede 5G no Brasil, não se pode perder de vista que tal tecnologia significa um grande salto para aplicações das mais variadas espécies – e, evidentemente, um gigantesco impulso para a transformação digital. E torna-se cristalino que, para todos os efeitos, perder o timing nesta era de grande disrupção significa enfraquecer a própria relevância no tabuleiro mundial – com todas as consequências provenientes de tal situação.